Apresentamos aqui um relato sobre a situação dos albinos na Africa, mais precisamente em Tanzânia, que nos chegou via e-mail.
Em pleno século XXI, século que se diz da informação e do conhecimento, num planeta que possui quase 7 bilhões de pessoas, o acesso à educação ainda é escasso, pelo que acontecem situações em que se causam sofrimentos e extrema angústia por causa de superstições culturais ou regionais.
Acontece na Tanzânia.
Samuel Mluge é albino, e na Tanzânia de hoje sua pele rosada tem um preço.
Albinos: são indivíduos que não possuem a pigmentação que dá cor às partes externas do corpo.
Nos seres humanos normais esse pigmento, chamado melanina, é produzido na camada celular profunda da pele e espalha-se para as camadas superiores visíveis. Para que isso aconteça é necessário a ajuda de uma enzima, a tirosinase. Por um erro na formação genética dos albinos, eles não possuem o gene que dá a ordem ao organismo para produzir essa enzima e assim não há produção da melanina, que além de dar cor, protege o corpo contra os males da radiação solar. Por esse motivo, o albino é muito mais sensível a radiação dos raios ultravioleta.
“Sinto-me como se estivesse sendo caçado”, refere quando sai de sua casa.
A discriminação contra albinos é um problema sério em toda a África subsaariana, mas recentemente na Tanzânia tem havido um aspecto novo e cruel: pelo menos 19 albinos, incluindo crianças, foram mortos e mutilados no ano passado, vítimas do que oficiais da Tanzânia afirmam ser um comércio criminoso crescente de partes do corpo de albinos.
Muitas pessoas na Tanzânia – e em toda a África – acreditam que albinos têm poderes mágicos. Eles se destacam, geralmente são o rosto branco e solitário na multidão negra, resultado de uma condição genética que prejudica a pigmentação normal da pele e atinge uma em cada 3.000 pessoas aqui.
Oficiais da Tanzânia afirmam que médicos agora estão comercializando peles albinas, ossos e cabelo como ingredientes em poções que prometem enriquecer.
À medida que as ameaças aumentam, o governo da Tanzânia se mobilizou para proteger sua população albina, um grupo já discriminado, cujos membros são frequentemente rejeitados e morrem de cancro de pele antes dos 30 anos.
A polícia está elaborando listas de albinos em cada canto do país a fim de protege-los de uma forma melhor.
Oficiais estão escoltando crianças albinas a caminho da escola.
O presidente da Tanzânia até patrocinou uma mulher albina para um cargo no Parlamento.
“O caso é sério, pois dá continuidade a algumas das percepções da África das quais estamos tentando fugir”, refere o presidente.
Defensores dos albinos também disseram que alguns médicos bruxos estão vendendo pele albina no Congo.
Geralmente, os mais jovens são o alvo. No inicio do mês de Maio de 2008, Vumilia Makoye, 17 anos, estava jantando com sua família numa cabana na parte ocidental da Tanzânia quando dois homens a atacaram e lhe serraram as pernas, tendo a jovem acabado por falecer.
Vumilia era como muitos outros africanos com albinismo.
Ela havia abandonado a escola porque sofria de miopia severa, um problema comum em albinos, cujos olhos se desenvolvem de forma anormal, fazendo com que tenham que segurar objetos como livros e telemóveis a cinco centímetros de distância para conseguir vê-los.
Ela não conseguia encontrar um emprego porque ninguém queria contratá-la. Vumilia vendia amendoim no mercado, enquanto sua pele delicada era queimada pelo sol.
Quando a mãe de Vumilia, Jeme, viu os homens tentou bloquear a porta da cabana. Mas os homens eram mais fortes que ela e conseguiram invadir.
Artigo de Rosa Silvestre e Sofia Mendes