A adolescência tem sofrido oscilações de acordo com as transformações sociológicas, políticas, económicas e familiares que têm ocorrido na sociedade. Nas antigas sociedades o espaço de transição para a vida adulta consistia numa linha ténue marcada por rituais ou cerimoniais.
Somente há pouco tempo, nas sociedades industrializadas, é que os adultos iniciaram o reconhecimento das necessidades fisiológicas e psicológicas características dos jovens. A adolescência é pois a idade das mudanças (adolescere significa amadurecer, crescer em latim).
Actualmente como profissionais de enfermagem procuramos respostas para algumas interrogações, tais como:
– Que valor atribuem os jovens à sua sexualidade?
– Estarão os jovens actuais preparados e motivados para a responsabilização da sua própria séxualidade?
Na verdade, o valor que os jovens atribuem hoje à sua sexualidade está ainda muito dependente dos factores de socialização a que foram sujeitos, principalmente exercidos pela família, escola e pelo grupo de pares, embora também hajam jovens que a valorizam.
Contudo constata-se que, à medida que os tabus vão sendo desconstruídos, surgem mais oportunidades de falar abertamente da sexualidade aos jovens e com os jovens.
Ao não abordarem a temática da sexualidade com a naturalidade e respeito que lhe são devidos, os adultos (essencialmente pais, professores e técnicos de saúde) estarão a promover e a perpetuar a ignorância, com base na falta de informação, o preconceito, os estereótipos sociais e a disparidade social de que são vítimas, sobretudo os jovens portugueses.
A ignorância deve ser combatida a todo o custo: a do próprio jovem em relação ao seu corpo, à sua identidade e à do Outro; a ignorância dos limites que devem existir, do direito que cada ser humano, rapariga ou rapaz, tem de dizer sim ou não. Todos nós devemos ter o direito inalienável de saber mais sobre nós próprios (e do Outro) de nos descobrirmos, de nos questionarmos, de amarmos a nós próprios e ao Outro.
A educação sexual é pois fundamental.
A criação de um espaço seguro, de consciencialização dos afectos e dos medos próprios dos adolescentes, que atravessam um período de descobertas e experiências que, nalguns casos, os podem marcar para a toda a vida, espaço esse onde os jovens possam dialogar, esclarecer dúvidas e trocar ideias, sem medo de serem ridicularizados e/ou discriminados é deverás importante.
Daí existirem projectos, tanto em escolas como em centros de saúde virados para a criação desse espaço, que todos os Adultos devem apoiar.
Os Centros de Atendimento a Jovens foram criados para responder a situações que se prendem com o desenvolvimento pessoal dos adolescentes, nomeadamente ao nível:
* da saúde sexual e reprodutiva;
* do planeamento familiar;
* das doenças sexualmente transmissíveis;
*da prevenção do consumo de substâncias psico-activas e outros comportamentos de risco.
Estes Centros contam com o apoio de equipas interdisciplinares que promovem acções de:
* prevenção e informação
* aconselhamento
* apoio médico
* encaminhamento personalizado
Artigo de Margarida Pereira e Joana Santos
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